01/11/2008

"A verdade é só uma!" Uma história do Avante!


Não posso ser acusado de branquear o Avante! Tenho publicado bastantes posts que o demonstram. Mais, quando li o artigo do Casanova, na coluna Actual, do Avante! desta semana, sobre o mais recente livro de Irene Pimentel, Biografia de um inspector da PIDE, Fernando Gouveia e o Partido Comunista Português, transcrito aqui por Joana Lopes, senti uma tal indignação, que até pensei que deveria fazer um post sobre o assunto. Por isso, este post não vem em defesa daquele artigo, mas é redigido unicamente para repor a verdade em relação a uns comentários que foram feitos na blogosfera sobre o Avante! a propósito do comentário do Casanova.
A história é simples, quando hoje fui fazer a ronda dos meus blogs preferidos deparei-me com um caso espantoso referido inicialmente aqui e depois desenvolvido aqui a partir do post, já referido, de Joana Lopes, que involuntariamente, penso eu, esteve na origem daqueles comentários.
O que é que se passou. Quando se acedia ao site do Avante! aparecia esta informação: “Site indisponível de momento. Volte mais tarde, obrigado.” Igualmente um link que dizia “clique aqui para entrar”. Quando se linkava aparecia, quando aparecia, o número do Avante! da semana anterior.
Logo, penso que apressadamente, aqueles dois blogs, e não sei se mais alguns, começaram a aventar que a edição desta semana do Avante! tinha sido retirada porque não queriam que tomássemos conhecimento desse texto desastroso do Casanova. O Spectrum chegou a publicar exemplos de fotografias truncadas do tempo de Estaline, em que ele ao mesmo tempo que mandava assassinar os adversários, os suprimia das fotografias.
O Der Terrorist chegou a admitir que poderia haver hackers, mas gozava com essa hipótese.
Para confirmar a veracidade destes factos fui aos meus favoritos e cliquei no jornal Avante! e não é que, de facto, aquele site tinha sido vítima dos hackers. Lamento, mas não consigo reproduzir aqui a imagem que obtive, dado que é impossível copiá-la. Já tentei diversas vezes. Mas para vossa informação gravei-a com êxito nos meus ficheiros e só para vos dar um cheirinho do tipo de provocadores que atacaram o Avante!, transcrevo os títulos do texto que, enquadrado pela moldura do jornal, dizia o seguinte: “Aviso a todos os cuzeiros de Lisboa, Nasce, hoje, a REPÚBLICA FODILHONA DO BRASIL. Anúncio da maior autoridade dessa nova nação”, depois uma fotografia do Lula, que encimava um texto ordinário e idiota, que se assemelhava a uma mensagem do Lula dirigida ao Brasil.
Parece-me pois, que antes de terem afirmado que havia supressão de artigos de opinião sectários e provocatórios, deveriam admitir que algum problema técnico pudesse ter acontecido àquele jornal. De facto, não é muito comum naquela “casa” haver arrependimentos tão bruscos. Se, como tenho tentado provar, o discurso muda, é sempre apresentado como se houvesse uma continuidade entre o passado o presente.
Portanto, mais algum cuidado quando se laçam tais atoardas, que ferem quem as profere, e transforma os provocadores em vítimas.
PS.: Pus entre aspas uma parte do título deste post, já que o mesmo foi retirado do nome de um programa radiofónico que era emitido antes do 25 de Abril, na antiga Emissora Nacional, e que se chamava "A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade".

3 comentários:

Joana Lopes disse...

Jorge,
Só ao ler este post, soube que terá aparecido o texto que citas. Ninguém o referiu ontem nos vários blogues ou comentadores que abordaram o assunto.

Entrei ontem muitas vezes no Avante e aparecia (e continua a aparecer) apenas isto:

Site indisponível de momento.
Volte mais tarde, obrigado.
Visite o site do PCP
No site do PC, nada é dito também.

Teria sido muito fácil acrescentar que o site tinha sido vítima de hackers (se foi esse o caso), como tantos blogues já o fizeram.

Não concluas tão apressadamente que e verdade é só uma: são as hipotéticas «vítimas» do ataque que têm obrigação de esclarecer os leitores e, vá lá saber-se porquê, não se deram ainda ao trabalho de o fazer. (Mas nem sempre tudo é tão claro: quando lancei os Caminhos, julguei ser vítima de algo de semelhante: um primeiro link que enviei a umas dezenas de pessoas abria um anúncio de lingerie. Afinal, tinha sido um péqueníssimo erro técnico da minha parte, que levaria demasiado tempo a explicar aqui.)

Só mais uma coisa: EU nunca escrevi que o Avante tinha sido retirado por causa do artigo do Casanova ou por outra qualquer razão. Limitei-me a constatar o facto. E só tinha o texto na íntegra porque alguém mo tinha enviado por mail durante a manhã.

A ser verdade que houve um ataque ao site do Avante, este só se pode queixar, em termos de internet, de ser vítima dos seus hábitos de secretismo.

o castendo disse...

Aprovado.
Já agora: o artigo está na edição em papel. Passa pela cabeça de alguém que seria «censurado» na edição on line???

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Cara Joana
O título do meu post era irónico. Aqueles que já têm a nossa idade lembrar-se-ão de um programa radiofónico que existia na Emissora Nacional, no tempo do fascismo, que se chamava “A verdade é só uma, Rádio Moscovo não fala verdade”. Foi pois aí que fui buscar o meu título. Sem esta explicação ele poderá ser extremamente pretensioso. Lamento, mas não era essa a minha intenção.
No meu post afirmo que involuntariamente a notícia que publicaste esteve na origem das conclusões, um pouco apressadas, dos bloggers que citei, e provavelmente de outros que não vi. Não afirmei que tu tinhas interpretado o desaparecimento da edição electrónica do Avante desta semana como uma tentativa de fazer desaparecer o artigo do Casanova.
Quanto ao que vi no site do Avante reafirmo tudo aquilo que me sucedeu. Ou seja, quando cliquei na referência electrónica que tenho para o Avante nos meus “favoritos” apareceu-me um Avante com os dizeres que vos transmiti. Já consegui gravar em ficheiro Word essa página da Internet e portanto estou aberto a enviá-la por e-mail a quem ma solicitar. Ainda não consegui, não sei porquê, foi pô-la no blog, mas ainda não desisti.
Quanto ao Avante não informar que está a ser vítima de hackers, parece-me não ser muito importante. Nós só demos conta daquilo que sucedeu porque queríamos ler o artigo do Casanova. Noutras circunstâncias nem reparávamos no assunto. Imaginaríamos que o site estava em reconstrução. Por outro lado, conhecendo a prática do PCP, era pouco provável que ele fosse a correr esclarecer o que se passava, porque não passa cartão a críticos “anticomunistas”, segundo a sua versão.