04/06/2009

As eleições para o Parlamento Europeu


Reparei ontem que estando umas eleições à porta ainda não me tinha pronunciado sobre elas. Há tempos tinham-me criticado por não ter manifestado nenhum apoio à manifestação da Inter. Justifiquei que a minha postura política pressupunha um claro apoio à manifestação e que, como não tinha havido nenhum debate político-ideológico que merecesse a minha tomada de posição, o meu comentário era desnecessário. Não sei se convenci o meu crítico. Mas a razão era de facto essa.
No entanto, em relação a umas eleições em que há diversos candidatos não posso admitir que à partida os meus leitores deduzam a minha intenção de voto, apesar de eu pensar que muitos já estarão a dizer: “olha este, está a fazer-se caro, vai votar no Bloco de Esquerda e ainda finge que temos dúvidas em quem vai votar”.
A verdade é que a minha decisão há muito que está tomada e por ser linear não me pareceu que fosse necessário explicitá-la, daí não ter ainda elaborado nenhum texto. Mas aqui vai um.

Hoje, penso que para à esquerda o inimigo principal é o José Sócrates e a sua clique. Emprego esta expressão datada, mas suficientemente explícita para designar aquilo a que me quero referir. E faço esta delimitação, porque considero que o inimigo principal nunca será o PS no seu conjunto, mas o grupo a que me refiro.
José Sócrates pela sua arrogância, autismo e pesporrência conseguiu criar na sociedade portuguesa um conjunto de anti-corpos difíceis de superar. Rodeou-se simultaneamente de um conjunto de apaniguados (José Lello, Santos Silva, Edite Estrela, etc.) que ainda o superam em antipatia pessoal.
Reconheço que a esquerda não deve ter ódios às pessoas, mas sim às políticas. O PCP e o Bloco referem-se constantemente à necessidade de uma nova política. Simplesmente eu entendo que se a política até agora seguida pelo Governo de José Sócrates foi de direita e mereceu, mesmo que encapotadamente, o apoio daquela área política, não deixa de ser verdade que ultimamente, num esforço para não se distanciar da esquerda, seja de Manuel Alegre, seja daqueles dois partidos, até tem tentado tomar medidas que parecem ser de esquerda. Simplesmente é tarde e provavelmente já não consegue convencer ninguém de que prossegue uma política de esquerda, nem vai retirar votos à direita, pois neste momento os eleitors desta área política pensam que está a seguir uma política demasiado de esquerda para o seu gosto. Por outro lado, José Sócrates, não prossegue unicamente uma política errada, a prática utilizada é perfeitamente repulsiva. Queremos correr com o Governo de Sócrates não só pelas políticas que tem vindo a seguir, mas igualmente pela forma como actua. Isto implica não votar em Vital Moreira nestas eleições, que por sinal, num claro mimetismo com o herói dos seus artigos no Público, consegue ser tão arrogante como ele.
Por outro lado, nas eleições para o Parlamento Europeu o voto útil não é importante. Se, como forma de protesto, o Bloco e o PCP tiverem muitos votos ou o PSD ganhar, ninguém se importa muito com isso. É mais um deputado num Parlamento tão distante, que nem percebemos qual a sua função. E a derrota do PS, para quem não é ferrenho deste partido, corresponde a uma suave alegria. Uma forte alegria só acontecerá se perder por muitos a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, mantendo-se no entanto à frente do PSD por um ou dois deputados. Mas isso é assunto para falarmos lá mais para o Verão.
Quanto ao voto no Bloco ou na CDU a situação é mais complicada. Ambos os partidos fazem parte do mesmo agrupamento político no Parlamento Europeu, apesar das suas posturas em relação à Europa serem diferente. Aqui, no entanto, a nossa opção tem mais a ver com as nossas preferências nacionais e com o modo como cada um dos partidos se posiciona para a resolução da actual crise sócio-política. E para mim torna-se cada vez mais claro que o Bloco e a sua área de possível convergência (PS de Manuel Alegre) começa a ser hoje, na sociedade portuguesa, a alternativa possível e politicamente consistente à governação de direita, seja ela protagonizada pelo PS-Sócrates ou pelo PSD/CDS. Hoje o PCP é um partido bloqueado, sectário, fechado sobre si próprio, incapaz de representar uma saída de esquerda para actual situação política. Lamento ter de dizer isto, sei que no futuro terá obrigatoriamente que ser parte de uma solução à esquerda, mas enquanto esta direcção e orientação política permanecerem, é impossível a sua colaboração numa saída e alternativa de esquerda.

1 comentário:

Operário vota CDU disse...

-tretas senhor doutor tretas; é o que o senhor veio para aqui dizer...qual sectário qual fechado, qual incapaz. Incapazes são aqueles que um dia na Juventude claro por lá andaram e com o passar dos anos se tornaram aburguesados "para não dizer outra coisa " rendidos à social democracia da treta e da peta..o Berloques de Esquina para fumar uns charros por Amesterdão é que é fixe sim senhor dancem a valsa da burguesia a vontade Vote lá no Berloques de Esquina e não venha com disparates -Pode dar cambalhotas pulos o pinotes que nunca verá o PCP trair os seus princípios de classe nunca seremos capacho do capital e seus aliados ex.esquerdistas e outras porcarias do género.
-O senhor e outros fizeram uma deriva ideológica...sabe bem disso e não têm coragem da a assumir esta é que é a verdade o resto é desculpa de mau pagador se têm contas a ajustar é com vós mesmo não com o PCP.
E vou-lhe já dizer que sem o PCP não há saída possível do pântano neoliberal, não é o Bé, grupinho de gente pequeno-burgueses- radicais-anarco -qualquer-coisa - ultra esquerdistas que vão resolver seja o que for se um dia chegarem ao governo "Atenção que digo governo" aquilo vai-se transformar num saco de gatos é certinho e direitinho.