06/06/2009

"Radicalismo extremista"


Já estou como um dos participantes do Eixo do Mal, da SIC Notícias, que passa horas a ver televisão e a ler jornais, penso eu, para se inspirar para o Inimigo Público, a página humorística do Público. Por sinal não lhe acho grande graça.
Pois eu, no meu afã de estar a par de tudo, não gastando tantas horas, lá vou papando programas infindos de informação e comentário político.
Vem isto a propósito de uma frase que ouvi ontem na Quadratura do Círculo, também da SIC Notícias, ao António Costa, e uma parecida, que escutei a um politólogo, hoje profissão muito em voga, que me pareceu chamar-se Maltez.
António Costa no debate que ontem travava com Pacheco Pereira acusava o PSD de, ao não privilegiar uma alternativa ao governo de Sócrates, deixar que os votos de protesto fugissem todos para o radicalismo extremista. O politólogo falava, a propósito de sondagens, das percentagens de votos atribuídas à esquerda revolucionária.
O caso de António Costa parece-me perfeitamente espantoso. Depois do ataque desferido no Congresso do PS ao Bloco de Esquerda, assisti numa Quadratura do Círculo ao riso alvar de todos os intervenientes a propósito dessas afirmações, que naquele debate foi o único momento em que todos estavam de acordo.
Ontem, en passant, sem nenhuma ênfase especial, lá veio o classificativo, que ou é sincero ou serve unicamente para que o público bem-pensante, que o está a ver, o leve a sério. Só não se percebe como é que esta personagem, que não tem qualquer rebuço em classificar os partidos à sua esquerda como radicais extremistas, quer depois na Câmara de Lisboa fazer alianças com eles. Como é que é possível nuns dias falar, de coração nas mãos, da necessidade das forças de esquerda se aliarem na Câmara para derrotarem a direita e noutros dias a sério ou em jeito de propaganda classificar os seus possíveis aliados de radicais extremistas. Alguma coisa não bate certo. É de certeza a pouca vontade de qualquer aliança para a Câmara de Lisboa.
Quanto à frase do politólogo, ela resulta de toda a conversa da direita. Esta não aprendeu nada desde os tempos do PREC, continua no mesmo esquema mental e de propaganda que sempre foi o seu. Tudo o que esteja à esquerda do PS, que proponha uma maior intervenção do Estado na economia, algumas nacionalizações, ou simples mudança de rumo, é revolucionário, extremista e incompatível com a nossa adesão à União Europeia, à NATO ou ao mundo ocidental.

Para combater estes preconceitos é pedido às forças políticas à esquerda do PS - no fundo, dando continuidade àquilo que Manuel Alegre admitiu como possível: dialogar à esquerda - um contributo, sem tergiversações, para um maior diálogo entre elas e capacidade para se apresentarem como alternativa de Governo. De facto, temos que deixar de ser força do protesto e elaborarmos um programa alternativo de saída para a crise. Esperemos por ele.

1 comentário:

operário à porta da assembleia de voto disse...

Já agora que esse programa contemple e conceder privilégios aos senhores do capital, que em nada e pelo contrário os ponha em causa, a si e ao sistema onde chafurdam.
Talvez assim esse(s) partidos de "protesto" sejam levados ao colo ou por trela pelos grandes meios de informação tendo como protector o Stº António às Costas---bem o tal de BÉ, já fez uma parte do caminho só lhe falta uma coisinha assim (.,)!