01/12/2010

Como o PS, o PCP e a CGTP servem de válvula de escape para a tensão social – I


Alguns dos links aqui incluídos já estão um pouco envelhecidos, no entanto, achei oportuno mostrá-los para vos dar conta de um conjunto de afirmações feitas ultimamente por comentadores da direita, que a esquerda não pode ignorar.

A 6 de Novembro fazia referência, num post, a três opiniões que, durante aquela semana, mereceram os meus comentários. Fiz dois sobre elas e nunca tive vagar para fazer o terceiro. – Não há nada como ser reformado para se ter falta de tempo. – O último referir-se-ia a declarações de António Lobo Xavier (ALX) e de António Costa, na Quadratura do Círculo (ver minuto 36,45), sobre a indispensável participação do PS na execução de um orçamento tão terrível para o povo português como aquele que na altura tinha sido aprovado na generalidade. Disse António Costa: “o PS tem melhores condições político e sociais para conduzir este processo de consolidação do que o PSD”, e ALX acrescenta: “contra o PS é que é difícil”. Já antes (ver a partir do minuto 31,15) ALX justificava a necessidade de ser o PS a cumprir este orçamento: “é que é muito melhor, inclusivamente do ponto de vista político, fazer tudo o que é possível em articulação com o PS, para que pelos menos este orçamento seja executado”.
Dias depois, no Vias de Facto, João Tunes (JT) chamava a atenção para este artigo de Diogo Feio, do CDS, no Jornal de Notícias. A JT só interessava a sugestão daquele deputado centrista de ser “com recato” que se deviam processar as negociações entre os três partidos do “arco governamental” (PS, PSD e CDS), a mim interessava-me mais esta parte do artigo: “Terão de ser eles a assumir, de forma duradoura e em conjunto, o caderno de encargos. Para isso é necessário que com recato se entendam sobre um conjunto de linhas gerais.
Ninguém pode pensar que uma expectável futura derrota eleitoral do PS leve à exclusão deste partido do arco da responsabilidade. Essa será sempre uma decisão sua, mas também dos restantes partidos do arco de Governo. Esses têm de reflectir hoje sobre a melhor forma de permitir essa inclusão futura, porque nas ruas deverão apenas ficar os partidos de protesto
."

Em todas estas declarações é notório, por um lado, o CDS a puxar pelo PS para ser ele a aguentar as previsíveis dificuldades da governação e, por outro, o PS a oferecer os seus préstimos para essa função.
Aqui temos uma clara união de esforços, uns impõem restrições e outros oferecem-se para as pôr em prática.
Neste cenário o PSD, esquecendo os conselhos avisados do CDS e do patronato, no desejo de abocanhar todo o poder, é provável que dispense o PS desta colaboração.
Tem um próximo capítulo.

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