13/02/2012

Um colunista petulante

Neste último fim-de-semana Miguel Sousa Tavares (MST), na coluna que mantém semanalmente no Expresso (sem link), resolveu referir-se a uma série de acontecimentos que tinham decorrido durante a semana. Todos eles constituem aquilo que MST considera a indignação politicamente correcta e por isso se insurge contra as vozes que manifestaram a sua crítica a alguns dos factos que ele assinala.

Os dois primeiros referem-se às críticas que o Presidente do Parlamento Europeu e a Sr.ª Merkel endereçaram, respectivamente, a Portugal, e à sua politica de ir buscar dinheiro a Angola, e à Madeira pela má aplicação dos fundos comunitários. Em qualquer dos casos MST acha justas as críticas referidas. Neste post não irei discutir este assunto.

A seguir vem a posição da Associação dos Oficiais das Forças Armadas em relação às declarações de Aguiar Branco, Ministro da Defesa. Aqui critica violentamente aquela posição proferindo uma série de dislates que também não irei comentar. No final refere-se igualmente à crítica de António José Seguro a Vasco Graça Moura, defendendo a posição sobre o Acordo Ortográfico que este tomou no Centro Cultural de Belém.

Se a dois dos assuntos sou indiferente, já a posição sobre as declarações da S.ª Merkel e sobre os militares me parecem profundamente descabidas, e as últimas mesmo profundamente reaccionárias. Mas, o mais grave é a abordagem que faz da frase de Passos Coelho sobre “os piegas”. MST leva completamente à letra a intervenção do primeiro-ministro, achando que ele estava só a referir-se aos coitadinhos dos alunos e não ao conjunto do país. A propósito do tema refere mesmo um episódio da sua vida pessoal, de aluno de escola pública no Marão, em que faz a descrição das virtudes da escola de antanho, com frio e gelo, sem refeitório, nem pavilhão desportivo e muito menos aquecimentos. Pobre MST que não consegue perceber que tudo isto resultava a extrema pobreza do país e que se se conseguiu, passados estes anos, alguma melhoria significativa nas condições das escolas, isso se deve ao 25 de Abril e ao crescimento económica que se verificou daí para cá.

Mas o mais grave disto tudo não é esta descrição das virtudes da miséria, é que deliberadamente ou por pura incompetência não se deu ao trabalho de ler todo o discurso que Passos Coelho fez numa escola em Odivelas. Basta comparar o que escreveu Pacheco Pereira no Público ou o que disse Marcelo Rebelo de Sousa na TVI  (ao minuto 12m 47s) para se perceber que não estamos a falar do mesmo discurso ou então MST quer-nos comer por parvos. Qualquer daqueles dois comentadores, mas de longe muito melhor a coluna de Pacheco Pereira, fala-nos da totalidade do discurso e do seu tom. Tenham os meus leitores o cuidado de os ouvir ou ler e perceberão do que estou a falar.

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